9 de novembro de 2008

Desliga o mp3 porque atrás de você tem algo bom de se ouvir.

Eles deveriam ter doze, treze anos. Certeza que tinham catorze. Bom, pouco importa, sei que eles usavam o uniforme do colégio que estudei a vida inteira e eu resolvi que no ônibus sentaria no banco na frente deles e descobriria quem eu era aos doze, treze ou certamente catorze anos. Ao menos era a minha humilde pretensão. Eles voltavam da aula de Robótica e assassinavam meu sonho de saber como eu era... realmente os tempos são outros. Falavam dos lançamentos do mercado e também do Otávio – o riquinho. Ele tinha um Iphone, mas não era só: o seu pai e seu primo também tinham. Era o modelo com mais gigas. Mas ele se mantinha humilde, como um bom rico deve se manter para não cair na classe dos emergentes.

Depois de falar um pouco sobre Otávio – o riquinho, os meninos falaram sobre Henrique, o que tinha tunado seu micro com tantos coolers que a temperatura interna girava em torno dos 13 graus quando na rua fazia 30. Uma maravilha! Discutiram um pouco sobre salgadinhos e o outro finalmente concordou: não era um amigo tão bom assim, afinal tomou quase toda a coca-cola do outro.

Falavam sobre o Batista – o professor de informática (e esse eu conhecia). Quer dizer, agora ele não é mais o professor de informática; mudaram o nome e é o que disse: os tempos são outros. Das mulheres não falaram um único a, nem mesmo a mãe era mencionada. Já das entradas USB antigas da aula de robótica, gastaram uns três quilômetros falando. Um absurdo, os caras novos da aula de robótica estragavam os computadores, todos bugados devido ao mau uso.

Parte interessante mesmo era sobre o professor de Robótica – o deus. Ele só andava de carro velho, mas tinha uma tevê de LCD no teto, possibilitando jogar play3 deitado na cama. Isso sim que é luxo de vida. Mas é como disseram os meninos, é só focar no que você vai gastar o seu dinheiro. O professor de Robotótica – o deus, dava dicas de vida para os meninos e até mesmo explicava sobre máquinas de pimbolim, coisa que eu achava que nem no meu tempo existia mais.

Avaliavam também a vantagem de comprar uma máquina de pimball, porém um wii seria muito mais interessante de se pedir no natal. Tinham noções boas sobre a vida e seu funcionamento. Tinham suas metas de vida prontas para serem estabelecidas (mais alguém aí acha que eles vão estudar no CTC?), mas tudo era bom demais dentro do mundo que era só deles, com o gráfico bom e sem bugs. Exatamente como eu aos catorze anos.

Um comentário:

Maika Pires Milezzi disse...
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