16 de março de 2009

Menos

Eu deveria questionar menos e ser mais feliz.

9 de março de 2009

Repito-me (no post e no hábito)

Já reparei: só sou capaz de escrever depois me olhar muito tempo no espelho.
Se somar e tirar, no final é sempre a mesma coisa. A cara é a mesma, o corte é bem parecido.
A cor dos cabelos, fora uns fios brancos que sempre surgem, tudo igual.
E não é analogia nenhuma. Nem nenhuma metáfora. É dele, do meu velho espelho, que eu sempre preciso.

Da chuva chata com calor insuportável até a internet lenta mais do que deveria. Tudo numa repetição, pior que refrão de música popzera. Das músicas a gente gosta, elas são bobas demais e não fomos nós mesmas que criamos. Sendo isenta nossa culpa, podemos nos divertir e dançar 'Toxic' até o chão. Nós mesmas, nós mesmas.

E preciso dele, do espelho, porque ele me deixa pensando em como minha barriga deveria estar menor, no como eu deveria beber menos, no como eu deveria ser menos dramática. Aí vem a parte que ele me lembra que tudo isso que eu pensei é mulherzinha demais e eu, macho demais. Sempre tem os amigos mais íntimos, que sabem que eu sempre tropeço na frente da Receita Federal, me olhando nos vidros revestidos de papel laminado dourado, mais cafona que dizer cafona. Mas eles (os espelhos), assim como os homens com bons argumentos, me encantam. Não gosto muito dos espelhos-laminados, mas também não gosto muito dos que fazem a barba. Mesmo não gostando muito, continuo tropeçando.

Aí tem aqueles amigos ainda mais íntimos, e ainda mais observadores, que dizem que eu exagero, que tudo não é assim, e que sabem que eu gosto de tudo isso, com todo o cinza - do dia de chuva com calor insuportável. E eu digo, sem ser íntima ou observadora, que tudo o que eu não sei é como quebrar esse ciclo. Tudo que sei é que só eu sei.

Mas aí eu me olho no espelho, como já fiz trezentos mil e quatrocentos e dezoito vezes, sendo chuva e calor ou chuva e frio - o que importa é que aqui sempre chove. E aí eu sento na frente do meu teclado, preto com as teclas gastas diariamente. Penso que sou Bukowski, bêbada e promíscua. Não, tô mais para Tolstoi, fazendo de qualquer paixão algo imenso e interessante. Aí releio toda essa coisa, esse espelho em letras, e percebo que sem a genialidade de nenhum destes, eu sou no máximo Camões, querendo que todos soubessem da chatisse que ele sentia, mas de verdade, não interessava à ninguém.