15 de novembro de 2008

Que espécie de infeliz nasce dia 15 de novembro?

Dizem sempre por aí, naquelas repetições mais desnecessárias do que as capas para controle remoto, que os amigos são a família que nós escolhemos. Aí venho eu aqui e pergunto: e faz o que com a família que eu não pedi para entidade maior alguma?

Faz piada sobre a caixa de leite, que só utiliza materiais recicláveis (ih é?), faz complô para roubar queijo-luxo da avó, faz os outros parecerem burros por não entenderem a camiseta-homenagem à Duchamp. Perdem-se horas de sono rindo sobre os REPETITIVOS-CLICHÊS (não tem quem diga) que passam na televisão, sobre a imperatriz do mau e sobre a supostamente perseguida mamãe.

Faz blasfêmia!, faz caridade, faz piada, faz reportagens, faz filmagens, faz sarau, faz os vizinhos a-d-o-r-a-r-e-m viver aqui pertinho, faz cinismo e faz birra. Faz tudo isso logo ali, na porta da cozinha. Todos os dias.

Fique sabendo que você ainda é um estranho, que eu não esqueci quando você ensangüentou o meu nariz antes da final de basquete (mentira, era semi, mas eu só perdi por causa do nariz), que você ainda é petulante e arrogante. Não, você não conhece todas as palavras do dicionário. Não, você não emprega vírgula melhor do que eu. Não, você não sabe nada da vida do Miró. Sim, você é um futuro engenheiro cinza. Sim, você incomoda tanto o seu irmão pequeno que me dá dor de cabeça.

E chega de elogios, irmãzinho, senão

Bukowski não me perdooa mais.

Te amo até sendo feriado no sábado.

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