28 de outubro de 2008

Sobre o resto do mundo.

Peça-me para ser honesta.
Diga que eu não posso ser assim invejosa.
Explique-me que ser encrenqueira
não me tornará a P!nk forte.
Faça tudo o que quiser, fale como queira
mas, por favor,
não me mostre o que realmente sou.


cansado de viver como um homem cego
cansado de procurar sentidos nos sentimentos
nickelback em how you remind me

Se não tem bunda use laço na cabeça.

"Comece pelo começo, siga até chegar ao fim e então, pare".
Lewis Carroll em
Alice no País das Maravilhas.

23 de outubro de 2008

Elucubrações do final do dia.


marina diz (18:53):
eu sempre me pergunto
marina diz (18:53):
o que leva alguém a ir pra aula de salto-alto?
maria antonieta diz (18:53):
o que?
maria antonieta diz (18:53):
será a mesma coisa que leva alguém a ir de bicicleta na chuva?
marina diz (18:53):
é confortável ir pra aula vestida assim?
maria antonieta diz (18:53):
vício? necessidade?
marina diz (18:54):
me pergunto isso tb
maria antonieta diz (18:54):
IXTILO neguinha
marina diz (18:54):
necessidade de chamar atenção pra si
maria antonieta diz (18:54):
mas é uma vida assim que levamos
maria antonieta diz (18:54):
aquela no qual pensamos, pesquisamos e concluímos:
maria antonieta diz (18:54):
saber a resposta é irrelevante.

20 de outubro de 2008

Esboço de sol.



São Pedro, seu 171, ou você pára de palhaçada ou eu te escrevo um email.

Sou fina, vou ao teatro.

Quando eu tinha doze anos me chamaram para ir ao teatro. Lembro-me com perfeição de vestir uma blusona de lã, uma calça jeans de uma cor que jamais usaria hoje e meu adidas star (moderninha que era). A peça era “Confissões de adolescente” – eu tinha doze anos!

Chegando lá, num frio do cão, olhei ao meu redor e fiquei assustada. “Que poha é essa?!” – pensei. As mulheres usavam seus casacos peludos, brincos dourados e salto quinze. Os homens se vestiam como executivos (só que era domingo). Senti-me mendiga, porque na época não usava estilo como desculpa para me vestir mal. Pensei em fugir, mas as minhas amiguinhas impediram. Vi a peça na primeira fila porque sou muito burguesa e tinha ingresso dos patrocinadores (e não enxerguei nada porque a primeira fila era péssima) e ri litruz bastante. No final foi tudo bem e todos sobreviveram.

Anos mais tarde fui novamente assistir uma peça dessas clichês globais. Só que daí o enredo era outro: as pessoas continuavam a se vestir no estilo selvagem-urbano e eu continuava com a mesma roupinha da infância, só que diferente da outra experiência não me senti uma mendiga. Dessa vez eu não achei tanta graça e o final acabou sendo um alívio.

Hoje e somente hoje eu entendi: é que na minha querida cidade, cultura é fato raro e quando a festa é boa a gente usa a melhor das nossas roupas.


Naiarinha fica brava se lhe perguntam porque não se muda e vai muito pouco ao teatro, mas pelo menos já aprendeu que peças globais não lhe agradam.

13 de outubro de 2008

Sugestões

Era-me completamente desnecessário, até que apareceu.


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Feito greve dos bancos


Não há quem não ache que é uma princesinha nas primeiras olhadelas. Acontece que ela está aí para provar que não é a primeira impressão a que fica.

Também não há relatos de mocinhos que a desprezem (não à primeira vista).

Só que com o tempo as máscaras caem, mesmo que para uns leve alguns anos e para outros algumas trocas de frases já sejam o suficiente. Sabe como é: tudo relativo.

Com suas expressões super hypadas (oi?) e seu superioridade de linhagem não comprovada cansam - e como cansam. Sua doçura é pura chatice e suas ideologias simplesmente não existem. Ser melhor do que todos em relação a tudo é só o que importa. E por favor, não discordem de mim senão eu grito.

12 de outubro de 2008

No Império do asfalto.


Moro em uma cidade linda e famosa.

Moro onde o trânsito ainda não é caótico e a violência não é das piores.
Moro em uma ilha com praias de calendário e ondas prontinhas para o surf.
Moro onde as meninas são saradas e fazem muita questão de que todos saibam disso.
Moro em uma cidade que 15% faltou no dia das eleições.
Moro onde 9% das pessoas que votaram, preferiram anular ou votar em branco.
Moro onde o primeiro lugar faz campanha no estilo sertão.
Moro onde fazer asfalto é fazer política.
Moro onde o sistema de ônibus é caro e não funciona.
Infle-se de orgulhoso, cidade incrível em relação à lugar nenhum, e fique com o governo que você merece.