Peça-me para ser honesta. Diga que eu não posso ser assim invejosa. Explique-me que ser encrenqueira não me tornará a P!nk forte. Faça tudo o que quiser, fale como queira mas, por favor, não me mostre o que realmente sou.
cansado de viver como um homem cego cansado de procurar sentidos nos sentimentos nickelback em how you remind me
marina diz (18:53): eu sempre me pergunto marina diz (18:53): o que leva alguém a ir pra aula de salto-alto? maria antonieta diz (18:53): o que? maria antonieta diz (18:53): será a mesma coisa que leva alguém a ir de bicicleta na chuva? marina diz (18:53): é confortável ir pra aula vestida assim? maria antonieta diz (18:53): vício? necessidade? marina diz (18:54): me pergunto isso tb maria antonieta diz (18:54): IXTILO neguinha marina diz (18:54): necessidade de chamar atenção pra si maria antonieta diz (18:54): mas é uma vida assim que levamos maria antonieta diz (18:54): aquela no qual pensamos, pesquisamos e concluímos: maria antonieta diz (18:54): saber a resposta é irrelevante.
Quando eu tinha doze anos me chamaram para ir ao teatro. Lembro-me com perfeição de vestir uma blusona de lã, uma calça jeans de uma cor que jamais usaria hoje e meu adidas star (moderninha que era). A peça era “Confissões de adolescente” – eu tinha doze anos!
Chegando lá, num frio do cão, olhei ao meu redor e fiquei assustada. “Que poha é essa?!” – pensei. As mulheres usavam seus casacos peludos, brincos dourados e salto quinze. Os homens se vestiam como executivos (só que era domingo). Senti-me mendiga, porque na época não usava estilo como desculpa para me vestir mal. Pensei em fugir, mas as minhas amiguinhas impediram. Vi a peça na primeira fila porque sou muito burguesa e tinha ingresso dos patrocinadores (e não enxerguei nada porque a primeira fila era péssima) e ri litruz bastante. No final foi tudo bem e todos sobreviveram.
Anos mais tarde fui novamente assistir uma peça dessas clichês globais. Só que daí o enredo era outro: as pessoas continuavam a se vestir no estilo selvagem-urbano e eu continuava com a mesma roupinha da infância, só que diferente da outra experiência não me senti uma mendiga. Dessa vez eu não achei tanta graça e o final acabou sendo um alívio.
Hoje e somente hoje eu entendi: é que na minha querida cidade, cultura é fato raro e quando a festa é boa a gente usa a melhor das nossas roupas.
Naiarinha fica brava se lhe perguntam porque não se muda e vai muito pouco ao teatro, mas pelo menos já aprendeu que peças globais não lhe agradam.
Não há quem não ache que é uma princesinha nas primeiras olhadelas. Acontece que ela está aí para provar que não é a primeira impressão a que fica.
Também não há relatos de mocinhos que a desprezem (não à primeira vista).
Só que com o tempo as máscaras caem, mesmo que para uns leve alguns anos e para outros algumas trocas de frases já sejam o suficiente. Sabe como é: tudo relativo.
Com suas expressões super hypadas (oi?) e seu superioridade de linhagem não comprovada cansam - e como cansam. Sua doçura é pura chatice e suas ideologias simplesmente não existem. Ser melhor do que todos em relação a tudo é só o que importa. E por favor, não discordem de mim senão eu grito.
Moro em uma cidade linda e famosa. Moro onde o trânsito ainda não é caótico e a violência não é das piores. Moro em uma ilha com praias de calendário e ondas prontinhas para o surf. Moro onde as meninas são saradas e fazem muita questão de que todos saibam disso. Moro em uma cidade que 15% faltou no dia das eleições. Moro onde 9% das pessoas que votaram, preferiram anular ou votar em branco. Moro onde o primeiro lugar faz campanha no estilo sertão. Moro onde fazer asfalto é fazer política. Moro onde o sistema de ônibus é caro e não funciona. Infle-se de orgulhoso, cidade incrível em relação à lugar nenhum, e fique com o governo que você merece.